O governo do presidente Vladimir Putin colocou um pé no freio nas negociações com a administração Donald Trump acerca de um acordo para acabar com a Guerra da Ucrânia.
Segundo informações, o motivo principal é a percepção de que o novo presidente americano ainda não tem um plano estruturado para a crise, e também que a posição de seus enviados é muito mais próxima da de Kiev do que Trump fazia parecer.
Nas palavras de um observador próximo das conversas do lado russo, Trump queria “uma saída Gaza” para a guerra. Ou seja, como fez ao propor assumir o controle do território palestino destruído na guerra Israel-Hamas, tirar uma proposta mirabolante da cartola e tentar forçar os rivais a discutir em torno dela.
O problema, disse esse observador à Folha, é a impressão generalizada em Moscou de que nem isso tem uma cara definida. A ideia pode ser burilada até o fim da semana, quando o enviado de Trump para a crise, Keith Kellogg, deve falar sobre o plano de paz na Conferência de Segurança de Munique.
Segundo o site Semafor publicou nesta na última segunda (10), Kellogg disse a aliados que irá apresentar várias opções para acabar com a guerra, mas não detalhou nenhuma delas. Nesse caso, a resistência russa também é uma forma de elevar seu cacife na disputa.
Hoje, a Rússia ocupa cerca de 20% da Ucrânia, contando aí a anexação da Crimeia em 2014 e os territórios tomados a partir da invasão de 2022, que completará três anos no dia 24. No primeiro ano da guerra, Putin promoveu um referendo denunciado como farsesco em quatro regiões e as incorporou oficialmente.
Agora, depois de muito vaivém, está a caminho de controlar a totalidade da principal delas, Donetsk, e prepara avanços no que falta conquistar -Putin desde junho passado diz que se contentaria com as quatro áreas, além da neutralidade militar de Kiev e a desmilitarização do vizinho.
Zelenski resiste a isso. “Um conflito congelado vai levar a mais agressão. Se nós tivermos um entendimento que os EUA e a Europa não irão nos abandonar, que irão nos apoiar e prover garantias de segurança, eu estarei pronto para conversar em qualquer formato”, disse no domingo à rede britânica ITV.
Já Moscou desenhou: o vice-chanceler Serguei Riabkov, um dos mais importantes diplomatas do país, disse nesta segunda que “o quão mais cedo os EUA e o Ocidente entenderem que todas as condições de Putin têm de ser aceitas, o mais cedo haverá um acordo”.
Ele afirmou que a Rússia “não ouvirá ultimatos”. Antes, também à agência RIA, o também vice-chanceler Mikhail Galuzin também cobrou Trump acerca de um plano efetivo que atenda às exigências russas. “Propostas concretas desta natureza ainda não foram recebidas”, disse.
informações: FOLHAPRESS