Plano Collor: O Maior Trauma Financeiro do Brasil Completa 35 Anos

Zelia
Plano Collor: O Maior Trauma Financeiro do Brasil Completa 35 Anos

Foto: Wilson Pedrosa/Estadão Conteúdo)

Em 16 de março de 1990, o Brasil vivenciou um dos episódios mais marcantes de sua história econômica: a implementação do Plano Collor. Este conjunto de medidas, anunciado no segundo dia do governo de Fernando Collor de Mello, tinha como objetivo principal combater a hiperinflação que assolava o país, mas acabou se tornando um dos maiores traumas financeiros para os brasileiros.

Na época, a inflação atingia patamares alarmantes, chegando a quase 90% ao mês. O Plano Collor, oficialmente denominado Plano Brasil Novo, foi elaborado pela equipe econômica liderada pela ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello. Entre as principais medidas adotadas estavam:

  • A mudança da moeda de cruzado novo para cruzeiro;
  • A criação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF);
  • O congelamento de preços e salários por 45 dias;
  • O aumento das tarifas de serviços públicos, como água, energia e gás;
  • A extinção de estatais e a demissão de servidores públicos.

Contudo, a medida mais impactante e controversa foi o confisco das poupanças. Depósitos em contas correntes e cadernetas de poupança que excediam 50 mil cruzados novos foram bloqueados, com a promessa de devolução em 18 meses, corrigidos pela inflação e acrescidos de 6% ao ano. Essa ação inesperada gerou pânico na população, levando a filas enormes nas agências bancárias e instaurando uma profunda desconfiança no sistema financeiro.

O impacto no mercado financeiro foi imediato. Nos dias 20 e 21 de março de 1990, o Ibovespa registrou quedas de 20,95% e 22,27%, respectivamente, refletindo o clima de insegurança e a corrida dos investidores para cobrir as perdas provocadas pelo congelamento dos ativos financeiros.

As consequências do Plano Collor foram devastadoras para a economia e para a sociedade brasileira. Muitos empresários enfrentaram falências devido à falta de capital de giro, resultando em demissões em massa e aumento do desemprego. Histórias pessoais trágicas também emergiram nesse período, como a de um dentista em Campos (RJ) que, três dias após o anúncio do plano, cometeu suicídio após ver suas economias bloqueadas.

Passados 35 anos, o Plano Collor permanece como um símbolo de medidas econômicas drásticas que, embora tivessem a intenção de estabilizar a economia, acabaram por aprofundar a crise e deixar cicatrizes profundas na memória coletiva do país.