Pela primeira vez, há mais mulheres na posição de comando das casas brasileiras do que como esposa do responsável, revelam os novos dados do Censo 2022 sobre composição familiar, divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre as mulheres, 34,1% são as responsáveis da casa, e 25% foram apontadas como cônjuge ou companheira. O Censo de 2010 mostrava outro cenário: 22,9% eram as responsáveis, e 29,7%, as cônjuges ou companheiras.
Com isso, a fatia de lares comandados por mulheres cresceu e passou a ser praticamente igual à dos comandados por homens: em 2010, 39% dos lares tinham elas como responsáveis. Agora, são 49%. Os homens, que respondiam por 61%, agora estão à frente de 51%.
Para Márcio Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, isso é resultado de uma combinação de fatores que vêm mudando ao longo do tempo.
“O aumento da independência econômica das mulheres, a maior presença no mercado de trabalho e o aumento da renda contribuem para essa questão de identificação como responsáveis [da casa]”, afirma o especialista.
Em 10 estados do país, 8 deles do Nordeste, as mulheres comandam mais da metade das casas.
“Os dados do Censo mostram que a maior parte dessas unidades da federação estão concentradas na Região Nordeste do país. Por outro lado, os menores percentuais são encontrados em Rondônia, com 44,3%, e em Santa Catarina, com 44,6%”, diz a analista do IBGE Luciene Longo.
Estados com maioria das casas comandadas por mulheres
- Pernambuco 53,9%
- Sergipe 53,1%
- Maranhão 53%
- Amapá 52,9%
- Ceará 52,6%
- Rio de Janeiro 52,3%
- Alagoas 51,7%
- Paraíba 51,7%
- Bahia 51,0%
- Piauí 50,4%
Fonte: IBGE
O Censo mostrou ainda que, em 29% das casas onde as mulheres são as responsáveis, há a presença de um filho e ausência de cônjuge. Ou seja, em cerca de 3 em cada 10 lares brasileiros, as mulheres são mãe solo.
No caso dos domicílios onde o homem é responsável, só 4,4% estão nessa categoria.
Pardos superam brancos como responsáveis pela casa
Pela primeira vez, os pardos (43,8%) superaram os brancos (43,5%) como os responsáveis pela casa. A mudança acompanha outros dados já revelados pelo Censo 2022, que mostra que o número de brasileiros que se declaram pardos se tornou o maior grupo racial do país.
A definição da cor ou raça no Censo é feita por autodeclaração. Ou seja, o morador entrevistado identifica a si mesmo de acordo com uma de cinco alternativas: branca; preta; amarela; parda; ou indígena. Havia a opção de não declarar a raça, mas só 0,005% dos entrevistados decidiram assim.
Destaques do Censo sobre lares brasileiros
- No Brasil, há 72 milhões de lares — ou 15 milhões a mais que os 57 milhões revelados pelo Censo de 2010.
- O número médio de moradores caiu de 3,3 (em 2010) para 2,8 (em 2022).
- O número de pessoas morando sozinhas cresceu em todas as faixas etárias no país.
- Diminuiu o número de casais com filhos e cresceu o de casais sem filhos.
- Os lares homoafetivos saltaram de 59 mil para 391 mil em 12 anos.
Outros dados do Censo 2022
- Brasil tem 57 mil pessoas morando em tendas e barracas e 1,9 mil, em veículos
- O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022)
- 1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas (0,65% do total)
- O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010
- Pela primeira vez, os brasileiros se declararam mais pardos que brancos, e a população preta cresceu
- Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos
- Após 50 anos, o termo favela voltou a ser usado no Censo
- O Brasil tinha, em 2022, 49 milhões de pessoas vivendo em lares sem descarte adequado de esgoto. Esse número equivale a 24% da população brasileira
- Mais da metade dos 203 milhões de brasileiros — 54,8% — mora a até 150 km em linha reta do litoral
g1