O café da manhã dos brasileiros ficou mais caro em fevereiro, com ovos e café liderando a alta dos preços e contribuindo para a maior inflação registrada para o mês em 22 anos. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quarta-feira (12), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,31%, o maior patamar para fevereiro desde 2003, quando a taxa atingiu 1,57%.
Os vilões da inflação no último mês foram itens essenciais do dia a dia. O preço dos ovos de galinha disparou 15,39%, enquanto o café moído registrou alta de 10,77%. Outro destaque foi a energia elétrica, que subiu 16,80%, impactada pelo fim de um bônus nas tarifas da hidrelétrica de Itaipu. Esses aumentos pesaram no bolso das famílias e ajudaram a elevar o IPCA acumulado em 12 meses para 5,06%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Banco Central, de 4,5%.
Além dos alimentos e da energia, outros setores também iniciaram o índice. Gastos com educação, como ensino fundamental (7,51%), ensino médio (7,27%) e pré-escola (7,02%), refletiram os reajustes típicos do início do ano letivo. O transporte por aplicativo, com alta de 7,09%, também contribuiu para o cenário de encarecimento.
O economista Newton Marques, ouvido por O TEMPO , destacou o impacto direto desses aumentos na percepção do custo de vida. “A escalada de preços de produtos como ovo e café é facilmente percebida e se torna um símbolo de perda de poder de compra”, afirmou. Ele explica que, apesar de alguns alimentos como batata-inglesa (-4,10%), arroz (-1,61%) e leite longa vida (-1,04%) terem registrado queda, o efeito dos itens mais consumidos prevalece na sensação de abertura financeira.
Com a inflação anual acima da meta, os analistas apontam que o Banco Central pode ser pressionado para elevar a taxa básica de juros, atualmente em 13,75%, para conter a escalada de preços. O resultado de fevereiro reforça os desafios econômicos enfrentados pelo país em 2025, especialmente para as famílias de baixa renda, que sentem mais o peso da alta nos alimentos e serviços essenciais.
Enquanto isso, o governo segue sob escrutínio para apresentar medidas que aliviem o impacto no bolso dos brasileiros. Por agora, o café da manhã mais caro serve como um lembrete amargo de que a inflação continua sendo um adversário difícil de vencer.