O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está considerando o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, um dos cargos mais estratégicos do Palácio do Planalto. A informação foi revelada por interlocutores próximos ao governo, que afirmam que Lula mencionou o nome do parlamentar em conversas recentes. A pasta, atualmente ocupada por Márcio Macêdo (PT), é responsável pela interlocução com movimentos sociais, área na qual Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), tem forte atuação.
A possibilidade de nomeação surge em meio a uma reforma ministerial iniciada na última semana de fevereiro, que já resultou na troca de Nísia Trindade por Alexandre Padilha no Ministério da Saúde e na ida de Gleisi Hoffmann (PT) para a Secretaria de Relações Institucionais. A escolha de Hoffmann para a articulação política reacendeu o debate sobre o comando da Secretaria-Geral, uma vez que a deputada também era cotada para o posto. Agora, com a pasta de Macêdo em discussão, Boulos emerge como um nome de peso, alinhado ao perfil combativo que Lula parece buscar para sua equipe.
Boulos, que foi candidato à Prefeitura de São Paulo em 2024 com apoio de Lula, chegou ao segundo turno, mas acabou derrotado por Ricardo Nunes (MDB). A proximidade entre os dois foi evidenciada durante a campanha, quando o presidente declarou em conversas reservadas que considerava o deputado “mais petista do que alguns filiados ao PT”. Apesar da derrota eleitoral, a relação de confiança entre Lula e Boulos pode agora pavimentar o caminho para um cargo no Executivo federal.
A eventual indicação, no entanto, enfrenta resistências. O PSOL, partido de Boulos, já comanda o Ministério dos Povos Indígenas com Sônia Guajajara, e setores do governo avaliam que ceder mais uma pasta à legenda seria desproporcional ao seu tamanho. Além disso, uma ala do PSOL crítica ao governo defende maior distanciamento do Planalto, o que poderia gerar tensões internas. Uma solução aventada seria a filiação de Boulos ao PT, algo que aliados do deputado vêm pressionando há tempos.
Outro nome na disputa pela Secretaria-Geral é o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas e defensor de Lula durante a Lava Jato. Diferentemente de Boulos, Carvalho não teria pretensões eleitorais em 2026, o que poderia garantir estabilidade no cargo até o fim do mandato. A decisão final, segundo fontes do governo, deve ser anunciada após o Carnaval, como parte do esforço de Lula para ajustar sua equipe e fortalecer a base política.
Enquanto isso, a reforma ministerial segue em curso. A saída de Márcio Macêdo, ex-tesoureiro da campanha de Lula em 2022, ainda não está confirmada, mas sua gestão tem sido alvo de críticas internas por eventos esvaziados. Caso Boulos assuma, sua entrada pode marcar uma guinada à esquerda no Planalto, reforçando o diálogo com movimentos sociais em um momento de desafios econômicos e políticos para o governo. A escolha, seja qual for, promete mexer no xadrez da política nacional.