Pela Primeira vez em 123 anos, Argentina não tem déficit fiscal

milei
GETTY IMAGES

Pela primeira vez em 123 anos, a Argentina termina com superávit fiscal, marcando um divisor de águas em sua história econômica. O presidente Javier Milei anunciou o feito histórico em um discurso comemorativo, atribuindo o resultado ao rigoroso ajuste fiscal e à eliminação da emissão monetária para financiar o déficit.

“O déficit foi a raiz de todos os nossos males — sem ele, não há dívida, emissão ou inflação. Hoje, temos um superávit fiscal sustentado, livre de default”, declarou Milei.

O maior ajuste fiscal da história argentina

O ajuste fiscal promovido pelo governo Milei é considerado o mais profundo já realizado no país. Com cortes agressivos em subsídios, redução de gastos públicos e aumento de eficiência administrativa, a Argentina conseguiu transformar um histórico déficit crônico em superávit fiscal.

Medidas-chave para o superávit fiscal

  • Corte de subsídios: Redução nos gastos com energia, transporte e outros setores altamente subsidiados.
  • Reforma administrativa: Eliminação de ministérios e órgãos públicos considerados redundantes.
  • Controle de gastos sociais: Reavaliação de programas de assistência, com foco em eficiência e redução de fraudes.
  • Zero emissão monetária: O governo eliminou a prática de imprimir dinheiro para financiar gastos públicos, reduzindo a inflação estrutural.
  • A mudança é particularmente significativa em um país que enfrentou sucessivas crises econômicas, incluindo hiperinflações, defaults de dívida e dependência de financiamento externo.

Argentina: do déficit crônico ao superávit fiscal

Por décadas, a Argentina foi conhecida por seus desequilíbrios fiscais, marcados por déficits elevados que forçavam o governo a emitir dinheiro, aumentando a inflação e a dívida pública. Apenas no último ano do governo anterior, a emissão monetária representou 13% do PIB, exacerbando a inflação e alimentando uma espiral de instabilidade econômica.

Com a nova política fiscal, a Argentina reverteu essa trajetória:

  • Fim da emissão monetária: O governo Milei eliminou a emissão de dinheiro para financiar o déficit, reduzindo a pressão inflacionária.
  • Superávit sustentado: Em 2024, o país registrou um superávit fiscal, encerrando um ciclo de 123 anos de déficits.
  • Essa transformação não foi sem custos: o ajuste fiscal provocou fortes críticas e resistências de setores que dependiam dos subsídios estatais, incluindo transporte público e programas sociais.

Impactos no mercado e na inflação

  • O superávit fiscal também trouxe reflexos positivos no mercado financeiro e na inflação.
  • Estabilização da inflação: Sem emissão monetária para financiar gastos, a pressão sobre os preços diminuiu, abrindo espaço para uma política monetária mais equilibrada.
  • Atração de investimentos: O superávit aumentou a confiança de investidores internacionais, interessados em financiar projetos no país sem o risco de calote.
  • Estabilidade cambial: A redução da dependência de financiamento externo ajudou a estabilizar o peso argentino, antes altamente volátil.

Desafios e críticas ao ajuste fiscal

Embora o superávit fiscal seja comemorado como uma conquista histórica, as medidas adotadas pelo governo enfrentam críticas e geram desafios para o futuro.

Cortes nos subsídios

  • Setores vulneráveis, como o transporte público e a energia, sofreram aumentos significativos nos custos, impactando principalmente as famílias de baixa renda.
  • A insatisfação popular foi manifestada em greves e protestos contra as políticas de ajuste.

Desafios econômicos estruturais

  • Apesar do superávit, a economia argentina ainda enfrenta problemas como uma dívida externa elevada e a necessidade de diversificar suas exportações.
  • O desemprego também aumentou em setores diretamente afetados pelos cortes no orçamento público.

Argentina termina com Superavit e nova perspectiva internacional

O anúncio de que a Argentina termina com superávit fiscal foi bem recebido pela comunidade internacional, que há anos pressionava o país por maior responsabilidade fiscal. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e investidores privados elogiaram as medidas, mas alertaram para a necessidade de manter a sustentabilidade a longo prazo.

Analistas destacam que a Argentina ainda precisa reconstruir sua credibilidade no mercado financeiro, abalada por décadas de defaults e políticas econômicas inconsistentes.

Impacto histórico e legado do superávit fiscal

A conquista do superávit fiscal marca um ponto de inflexão na história econômica da Argentina. Após 123 anos de déficits crônicos, o país agora enfrenta uma oportunidade única de reconstruir sua economia com maior estabilidade e previsibilidade.

No entanto, o caminho para consolidar essa conquista será desafiador. O governo Milei precisará equilibrar a manutenção do superávit com a necessidade de estimular o crescimento econômico e reduzir as desigualdades sociais.

Victor de Lima