Na segunda-feira (9), quem passou pelo Rio Pinheiros, um dos principais rios da cidade de São Paulo, notou uma mudança notável: a água do rio estava esverdeada. A tonalidade diferente chamou a atenção de pedestres, motoristas e ciclistas que utilizam a ciclovia ao longo do rio.
O fenômeno está diretamente relacionado à combinação de seca e poluição, fatores que vêm impactando o Rio Pinheiros, cuja nascente é formada pelo encontro do Rio Guarapiranga com o Rio Grande, e deságua no Rio Tietê. Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o longo período de estiagem, agravado pela forte seca, resultou em uma significativa redução do volume de água que entra no rio através de seus afluentes.
Com a diminuição do fluxo e a baixa vazão na calha principal do rio, a água fica praticamente parada em vários trechos, criando condições ideais para o crescimento de algas. De acordo com especialistas, esse cenário ocorre devido às altas concentrações de nutrientes na água, que, com o calor e a luminosidade intensos, acabam favorecendo o aumento da proliferação algal.
O esverdeamento das águas causado pelas algas não é uma novidade para o Rio Pinheiros, que há anos sofre com a poluição e com a degradação ambiental. O processo de eutrofização, no qual o excesso de nutrientes, como fósforo e nitrogênio, estimula o crescimento descontrolado de algas, é amplamente conhecido em corpos d’água com alta carga de esgoto sem tratamento adequado.
O fenômeno observado nesta segunda-feira reforça a urgência das ações de despoluição, que já estão em andamento no âmbito do projeto “Novo Rio Pinheiros”, uma iniciativa do governo estadual que visa melhorar a qualidade da água e revitalizar o rio. No entanto, o impacto das secas prolongadas e das mudanças climáticas impõe desafios adicionais à recuperação do Pinheiros, que, em muitos trechos, continua sendo um reflexo dos problemas ambientais enfrentados pela metrópole.
Despoluição e desafios climáticos
A proliferação de algas é um indicativo claro de que, embora haja esforços para a despoluição do Rio Pinheiros, o desafio de revitalizá-lo passa por questões complexas, como o saneamento básico e a crise hídrica. A Cetesb informou que seguirá monitorando as condições do rio, especialmente no que diz respeito à presença de organismos que possam impactar a fauna e flora aquática.
Além disso, a recuperação completa do rio está diretamente ligada à melhoria na captação e no tratamento do esgoto despejado na região, uma medida essencial para a redução de nutrientes na água e a interrupção do ciclo de proliferação das algas.
Por fim, o esverdeamento do Rio Pinheiros não só evidencia a necessidade de acelerar as políticas públicas de saneamento e preservação ambiental, como também serve de alerta sobre os impactos das mudanças climáticas nos recursos hídricos. Em um cenário de chuvas cada vez mais irregulares, a gestão sustentável dos rios se torna crucial para garantir o equilíbrio ecológico e a qualidade de vida da população.