Política

Novo comando do Congresso tem deputado de 24 anos como cotado e bolsonarismo raiz à margem

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Câmara dos Deputados e Senado renovam o comando no próximo dia 1º e, além das presidências, elegem mais 12 cargos que compõem as respectivas Mesas Diretoras. Como é comum nessas ocasiões, a maior parte das vagas já foi rateada entre os partidos, mas ainda há disputas em aberto.

Mesmo com a possibilidade de mudanças até o dia da eleição, o PL de Jair Bolsonaro vai figurar na vice-presidência das duas Casas, mas com nomes mais vinculados à “ala centrão” do partido do que à ala fiel ao ex-presidente.

Na Câmara, o indicado é o atual líder da bancada, Altineu Côrtes (RJ). No Senado, Eduardo Gomes (TO).

Para a presidência da Câmara e do Senado os favoritos disparados são Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Há candidatos que vão concorrer com eles, mas sem apoio partidário e com quase nenhuma chance.

A escolha de integrantes do PL da ala mais moderada tem por objetivo diminuir a resistência do governo e de outros partidos que, embora sejam de centro e de direita, também integram o ministério de Lula (PT).

Retaliado pelo atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por ter insistido no bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN) para o cargo em 2023, o PL acabou sem cargos na atual Mesa Diretora e passou os dois últimos anos com duas comissões de pouco prestígio.

Para não repetir o erro, Bolsonaro negociou pessoalmente o apoio do partido nas duas Casas -além da anistia a ele próprio em relação às condenações eleitorais que o tornaram inelegíveis- e os espaços.

Alcolumbre se comprometeu a dividir os cargos de acordo com o tamanho de cada um dos partidos, mas não escondeu a preferência por nomes de sua própria confiança, como o de Eduardo Gomes, de quem é amigo.

Favorito para a dobradinha com Alcolumbre na presidência, Gomes buscou rebater a acusação dos colegas de partido de que não era bolsonarista “raiz” em conversas reservadas, alegando ter defendido arduamente o governo Bolsonaro quando foi líder do governo no Congresso Nacional.

Outro aliado de Alcolumbre no PL, o bolsonarista Marcos Rogério (RO) deve assumir a presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado, responsável pela sabatina das cobiçadas diretorias em agências reguladoras.

Tanto na Câmara como no Senado, as Mesas Diretoras são formadas por duas vice-presidências e mais quatro secretarias. Além de angariar prestígio político, os ocupantes ficam responsáveis por determinados temas administrativos -como a gestão dos imóveis funcionais ou a emissão de passaportes diplomáticos- e ganham direito a mais cargos e verbas.

Para a segunda-vice-presidência da Câmara, o mais cotado é um deputado de 24 anos, filho de outro deputado federal em atuação.

Lula da Fonte (PP-PE) foi eleito em 2022 aos 21 anos com o apoio do pai, Eduardo da Fonte (PP-PE), que tem 52. A reportagem não conseguiu falar com Lula da Fonte. Questionado sobre a candidatura do filho para a vaga, o pai disse apenas: “Estamos trabalhando”.

Já o PT de Lula deve ficar com a primeira-secretaria da Câmara, com Carlos Veras (PE), e com a segunda-vice-presidência no Senado, com Humberto Costa (PT).

Apesar do prestígio da segunda-vice-presidência (que, em tese, assume o comando da Casa na ausência do presidente e do primeiro-vice), um dos cargos mais cobiçados é a primeira-secretaria -conhecida como “prefeitura” da Casa, por cuidar da parte administrativa.

No Senado, o posto foi escolhido justamente pelo dono da maior bancada, o PSD. Com 15 senadores, o partido deve emplacar Daniela Ribeiro (PB) como primeira-secretária e Otto Alencar como presidente da comissão mais importante, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Os outros cargos da Mesa Diretora do Senado também estão praticamente fechados, de acordo com congressistas envolvidos nas negociações. O senador Confúcio Moura (RO) deve ser indicado pelo MDB para a segunda secretaria. Com a terceira maior bancada (atrás do PSD e do PL), a sigla também deve comandar a segunda principal comissão, a de Assuntos Econômicos, com Renan Calheiros (AL).

O MDB e o PSD também ocuparão algumas das secretarias da Mesa da Câmara, consolidando o domínio de partidos de centro e de direita, que são maioria no Congresso.

Há ainda indefinição sobre os postos a serem ocupados pelo União Brasil na Câmara dos Deputados.

O partido tentou emplacar o líder da bancada, Elmar Nascimento (BA), como candidato a presidente da Câmara, mas ele acabou forçado a desistir, em novembro, depois de o atual comandante da Casa, Arthur Lira (PP-AL), optar por Hugo Motta como seu candidato.

Com isso, Elmar é cotado para presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara ou relatar o Orçamento de 2026 -essa última vaga, porém, foi acertada para o MDB, que ainda não definiu um nome.

O partido pode tentar pleitear também a segunda-vice-presidência, o que embaralharia as cartas.

Veja os favoritos e cotados para os cargos de comando na Câmara e no Senado.

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Presidência

Hugo Motta (Republicanos-PB)

1ª vice-presidência

Altineu Côrtes (PL-RJ)

2ª vice-presidência

Lula da Fonte (PP-PE)

1ª Secretaria

Carlos Veras (PT-PE)

2ª Secretaria

PSD ou MDB ou União Brasil (nomes ainda indefinidos)

3ª Secretaria

PSD ou MDB ou União Brasil (nomes ainda indefinidos)

4ª Secretaria

PSD ou MDB ou União Brasil (nomes ainda indefinidos)

Comissão de Constituição e Justiça

União Brasil (ou MDB, a depender da escolha do relator do Orçamento)

SENADO

Presidência

Davi Alcolumbre (União Brasil-AP)

1ª vice-presidência

Eduardo Gomes (PL-TO)

2ª vice-presidência

Humberto Costa (PT-PE)

1ª Secretaria

Daniela Ribeiro (PSD-PB)

2ª Secretaria

Confúcio Moura (MDB-RO)

3ª Secretaria

Chico Rodrigues (PSB-RR)

4ª Secretaria

PP, com Laércio Oliveira (PP-SE) ou Dr. Hiran (PP-RR)

Comissão de Constituição e Justiça

Otto Alencar (PSD-BA)

CONJUNTO

Presidência da Comissão Mista de Orçamento

Nome do Senado, ainda indefinido

Relatoria da Comissão Mista de Orçamento

MDB da Câmara (mas União Brasil também pleiteia)

FOLHAPRESS

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