O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava os estados do Maranhão e do Tocantins, pode não se tornar um caso isolado, levando-se em conta que os motivos para o colapso ocorrido no último dia 22 de dezembro podem estar associados, de fato, à falta de manutenção adequada.
Segundo o engenheiro civil, professor da Universidade Federal do Ceará e doutorando no Grupo de Modelagem de Estruturas de Concreto da USP, Leandro Moreira, se outras estruturas espalhadas pelo país não tiverem o trabalho de inspeção correto, é possível que também venham a ceder.
Para Moreira, apesar de qualquer estrutura estar sujeita ao risco de falha, o controle de qualidade das obras, a manutenção, assim como o gerenciamento de pontes podem mitigar esses riscos e levar chances de falhas para patamares muito baixos.
“É nesse sentido também que a NBR 9452, que trata da inspeção de pontes, requer a inspeção, a manutenção preventiva e a inspeção desses dispositivos para que possa ser acompanhado o estado atual de cada uma das pontes brasileiras. É claro que nós precisamos esperar o laudo da perícia de engenharia que será feita da ponte Rio Tocantins, mas pelas fotos, pelos relatos, vídeos, a gente, por inspeção visual mesmo, tem já a informação de que o grau de deterioração daquela ponte em si era muito pronunciado e a manutenção já deveria ter sido feita muito antes”, destaca.
“Então, nesse sentido, a ponte sobre o Rio Tocantins não teve a manutenção adequada, os reparos necessários não foram feitos ao longo do tempo e, devido aos próprios agentes agressivos do meio, a própria passagem de tráfego, essa ponte foi perdendo capacidade resistente até que, infelizmente, ela colapsou”, complementa.
A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira atendia o corredor Belém-Brasília desde a década de 1960. Com 533 metros de metros de extensão, a ponte ficava localizada na rodovia BR-226.
De todas as pontes federais administradas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), 727 delas se encontram nas categorias crítica ou ruim, em todo o país. O dado consta em levantamento divulgado pela Folha de S. Paulo. No caso da ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, a categoria apresentada era a 2, que corresponde às estruturas em condição ruim.
DNIT
Ao portal Brasil 61, o DNIT informou que entre novembro de 2021 e novembro de 2023, manteve vigente um contrato de manutenção da ponte que desabou na divisa entre o Maranhão e o Tocantins, além de outras obras. O valor investido foi de R$ 3,5 milhões. De acordo com a autarquia, nesse período, foram realizados contratos para serviços de reparos nas vigas, laje, passeios e pilares da estrutura.
O Departamento também informou que outro contrato de manutenção da BR-226/TO ainda está em vigência, até julho de 2026. Havia previsão de execução de serviços com o “objetivo de melhorar a trafegabilidade e dar mais segurança aos usuários da rodovia.”
Além disso, o DNIT informou que, em maio de 2024, lançou um edital, no valor de cerca de R$ 13 milhões, para a contratação de empresa especializada para “elaboração dos estudos preliminares, projeto básico e executivo de engenharia e execução das obras de reabilitação da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. No entanto, a licitação foi fracassada, sem que nenhuma empresa tenha vencido o certame.
AF NOTÍCIAS
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