Pesquisadora representou o Brasil durante encontro científico na Argentina
Já há algumas décadas a importância da preservação da natureza e da conservação de todas as espécies de seres vivos ganharam centralidade no debate público, político e científico. Nesse contexto, no entanto, uma área seguiu pouco conhecida: a da conservação dos fungos. Isso mesmo. Você já parou para pensar sobre a importância da preservação dos fungos?
“Os fungos desenvolvem papéis ecológicos essenciais para a manutenção dos ecossistemas naturais e, assim como animais, plantas e demais organismos, também estão sofrendo com os impactos do ser humano na natureza, incluindo a destruição de florestas e as alterações climáticas”, afirma a professora Larissa Trierveiler Pereira, do Centro de Ciências da Natureza, no Campus Lagoa do Sino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
No mundo, mais de 45 mil espécies de seres vivos estão ameaçadas de desaparecer. “Entretanto, até o momento, poucas espécies de fungos foram avaliadas quanto ao risco de extinção”, destaca Pereira. De acordo com ela, é preciso transformar esse cenário e as principais frentes de investigação na conservação dos fungos incluem: avaliações das espécies fúngicas que estão correndo risco de extinção, identificação dos fatores que levam a esse risco e proposição de estratégias de conservação das espécies, envolvendo as esferas acadêmica, política e da sociedade civil.
Pereira é integrante do Grupo de Especialistas em Fungos do Brasil (BrazFunSG) e representou o País em evento satélite do World Species Congress – Reverse the Red, realizado em maio deste ano, em Puerto Iguazú (Misiones, Argentina). Durante o evento, intitulado “O impacto das histórias e a conservação”, a pesquisadora da UFSCar ministrou palestra sobre a conservação de fungos no Brasil e apresentou resultados do seu atual projeto de pesquisa.
“Além da avaliação de espécies fúngicas ameaçadas de extinção e ações de divulgação científica sobre o tema, atualmente coordeno um projeto financiado pelo órgão internacional The Mohamed Bin Zayed Conservation Fund (Emirados Árabes) para estudar a conservação da espécie fúngica queijo-suíço (Rickiella edulis). Após mais de 140 anos, reencontramos a espécie no Paraguai, onde acreditava-se que estava extinta, além de locais adicionais no Brasil. Tivemos sucesso em isolar a espécie objetivando a conservação ex situ“, descreve ela.
Segundo Pereira, muitos pesquisadores presentes no evento ainda não conheciam o grupo de especialistas BrazFunSG e seus trabalhos de investigação, como o que ela conduz na UFSCar. “Acredito que minha participação tenha sido muito positiva, pois além de conhecer outros pesquisadores que estão trabalhando com a conservação de espécies, tive a oportunidade de palestrar sobre os avanços da conservação de fungos no Brasil, incluindo a divulgação dos principais resultados do projeto que coordeno”.
O principal objetivo do BrazFunSG é defender a conservação de espécies fúngicas no Brasil, já que os fungos não estão incluídos em listas estaduais ou nacionais de espécies ameaçadas de extinção. “Ainda, buscamos relações políticas para garantir reconhecimento para esse grupo de organismos, além de tentar alcançar a sociedade civil e acadêmica com ações de divulgação científica”, conclui Pereira.
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