O Vaticano divulgou um projeto que vai mostrar a Basílica de São Pedro de um jeito nunca visto até agora como parte das celebrações do jubileu de 2025.
No começo, era o pântano. O martírio de Pedro, segundo os precursores do cristianismo, fez nascer a primeira igreja, que através de quase dois milênios foi mudando de fachada. Até os séculos XVI e XVII, com a imagem atual.
O Vaticano sustenta que agora começa um novo tempo para a imensa basílica, que poderá ser vista como nunca antes por bilhões de pessoas pela internet. A estrela do projeto é a inteligência artificial, sobre a qual o Papa Francisco já confessou suas reservas.
O Papa assistiu ao vídeo de apresentação, que mostra a basílica a partir de um desenho em 3D. Desde o túmulo de Pedro, no subterrâneo, até as alturas. O Papa ressaltou que do homem depende o uso correto da inteligência artificial.
Pela Basílica de São Pedro passam quase 50 mil pessoas por dia. A inteligência artificial pode ver aquilo que os olhos não conseguem enxergar, e revelou problemas estruturais e também técnicas de construção muito antigas.
“A técnica para construção das cúpulas, por exemplo, não era completamente conhecida,” diz Pedro Zender, arqueólogo que trabalha em uma fábrica dentro do Vaticano que produz um dos mosaicos mais bonitos do mundo.
Uma das mais antigas imagens do apóstolo Pedro de que se tem notícia. Do telhado da basílica, se pode ver os jardins vaticanos. E de lá, o Vaticano e o público ganham outro presente: uma exposição projetando cenas que antes só podiam ser vistas de longe, e que a inteligência artificial foi buscar bem no alto.
Essa aventura, definida como extraordinária, criou um gêmeo digital da Basílica de São Pedro a partir da combinação de 400 mil imagens. De casa, qualquer pessoa possa conhecer todos os seus ambientes, em todos os detalhes. A viagem virtual irá nos levar até dentro da grande cúpula de Michelangelo.
O arquiteto francês Yves Ubelmann conta que descobriu espaço entre as abóbadas e o teto que nem podemos imaginar. Ele é o presidente da Ícone, empresa especializada em digitalizar lugares históricos que participou do projeto.
“Este monumento é realmente de uma tecnologia incrível, e dá muita inspiração para nossas tecnologias, para a modernidade”, afirma Yves Ubelmann.
O presidente da gigante da informática Microsoft, que participou do projeto, Brad Smith, falou o que o impactou:
“Se você está na basílica, a cúpula é tão alta que você não pode ver o que tem lá. Com este projeto, você pode ser transportado para o céu, até o topo da cúpula, e então você percebe que existe essa pintura incrível da face de Deus”, afirma disse Brad Smith.
Drones voaram por quatro semanas, tirando fotos e coletando o equivalente a uma coluna de DVDs de 6 km de altura em dados. Informações fundamentais para a preservação e restauração e que ficarão para as gerações futuras. A navegação pela Basílica de São Pedro ainda nem começou e já se tornou uma grande promessa.
Jornal Nacional
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