Calor Extremo, Alta do Milho e Quaresma Fazem Preço do Ovo Disparar no Brasil

O preço do ovo, um dos alimentos mais presentes na mesa dos brasileiros, atingiu níveis alarmantes neste início de ano, pressionado por uma combinação de fatores climáticos, econômicos e sazonais. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), a caixa com 30 dúzias de ovos brancos tipo extra alcançou a média de R$ 201,77 em Bastos (SP), principal polo produtor do estado, registrando uma alta de 42% em relação a janeiro. O aumento, que torna o produto um dos vilões da inflação em fevereiro, reflete os impactos do calor extremo, a elevação do custo do milho e a maior demanda típica da Quaresma.

As ondas de calor que marcaram o início de 2025 reduziram a produtividade das galinhas poedeiras, afetadas pelo estresse térmico em regiões produtoras. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) destaca que temperaturas recordes comprometeram a oferta, enquanto o preço do milho, principal componente da ração, subiu significativamente, encarecendo a produção. Somado a isso, a Quaresma – período entre 5 de março e 17 de abril em que muitos substituem carne vermelha por ovos – elevou a procura, intensificando a pressão sobre os preços. Em fevereiro, o ovo registrou alta de 15,4%, liderando o segmento de alimentação e bebidas no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou em 0,79% para o grupo.

A ABPA considera a alta sazonal, comum no início do ano, mas aponta que questões como o aumento das exportações – que cresceram 57,5% em fevereiro, totalizando 2.527 toneladas – não impactam significativamente o mercado interno, já que representam menos de 1% da produção nacional. O Brasil, quinto maior produtor mundial de ovos, prevê alcançar 59 bilhões de unidades em 2025, com um consumo per capita estimado em 272 unidades por pessoa. Especialistas indicam que os preços podem se estabilizar após a Quaresma, caso a oferta se equilibre, mas alertam que condições climáticas e custos de insumos seguem como desafios para o setor. Enquanto isso, o consumidor sente no bolso o peso de um dos itens mais básicos da cesta alimentar.