Bolsonaro insiste em candidatura e diz que só indicará outro nome para 2026 ‘depois de morto’

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar as decisões que se tornaram inelegíveis até 2030 e declarou que só indicaria outro candidato para disputar o Palácio do Planalto nas eleições de 2026 “depois de morto”. A afirmação foi feita a jornalistas no Aeroporto de Brasília, logo após seu desembarque, em meio a especulações sobre o futuro político da direita brasileira e a pressão de aliados para que ele apoie uma alternativa à sua candidatura, barrada por determinação judicial.

Bolsonaro, condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, chamou sua exclusão do pleito de 2026 de “uma negação à democracia”. “Se tivesse um motivo justo, eu nem estaria falando com vocês aqui, arrumaria uma maneira de fugir”, disparou, rejeitando as acusações que o levaram à inelegibilidade. A sentença do TSE, que ainda pode ser objeto de recursos no Supremo Tribunal Federal (STF), foi motivada por uma reunião com embaixadores em 2022, na qual o ex-presidente divulgou desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Apesar da barreira legal, Bolsonaro mantém firme sua intenção de permanecer como protagonista na disputa presidencial. Ele negou que sua postura seja prejudicial à articulação da direita para 2026, afirmando que “cada partido que se apresenta, lance o candidato, comece a andar pelo Brasil, como eu fiz”. A declaração reforça sua relutância em abrir espaço para outros nomes do campo conservador, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou membros de sua própria família, que já foram cogitados como possíveis sucessores.

O ex-presidente já havia ventilado, em janeiro, a possibilidade de lançar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como candidatos. Na ocasião, ele chegou a comparar uma eleição sem sua presença à situação da Venezuela, indicando que sua ausência comprometeria a legitimidade do processo. Contudo, sua fala mais recente indica que, por agora, ele não pretende ceder o protagonismo a ninguém.

A posição de Bolsonaro ganha ainda mais relevância diante de pesquisas recentes, como a divulgada pela AtlasIntel na sexta-feira (7), que o coloca à frente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um eventual confronto em 2026 – cenário hipotético, já que sua inelegibilidade segue em vigor. O senador Flávio Bolsonaro usou os números para desenvolver a narrativa paterna: “Entenderam por que querem a cabeça de Jair Bolsonaro? Só ele pode vencer Lula em 2026”, escreveu nas redes sociais.

Enquanto isso, aliados próximos insistem que Bolsonaro é insubstituível (insubstituível) para evitar a reeleição de Lula, mas cresce a pressão por uma candidatura alternativa. Nomes como Michelle e Flávio já foram sondados por presidentes de partidos, segundo o próprio senador admitido em fevereiro. A incerteza sobre o futuro político do ex-presidente também é alimentada pelas investigações em curso, como o inquérito da Procuradoria-Geral da República (PGR) que o denunciou por suposta tentativa de golpe de Estado.

Por ora, Bolsonaro segue desafiando as restrições legais e a lógica da sucessão política, apostando em sua popularidade e na mobilização de sua base. “Só depois de morto eu indiquei outro candidato”, reiterou, deixando claro que, vivo, pretende continuar sendo o principal nome da oposição ao governo petista, mesmo que fora das urnas.