As equipes da TV Cultura foram surpreendidas na noite desta quarta (4) com o anúncio de que diversos programas seriam cancelados por falta de verbas. A emissora, que é administrada pela Fundação Padre Anchieta, diz sofrer com “diminuição de receitas” e que o espaço na grande será ocupado por reprises. O Governo do Estado de São Paulo nega cortes, dizendo que investiu 10% a mais na TV pública do que em 2023.
A informação foi confirmada à reportagem pela própria TV pública. “Devido à diminuição de receitas da TV Cultura, a emissora irá suspender a gravação de alguns programas de sua grade, temporariamente. A maioria dessas produções continuará no ar por meio de reprises”, diz a nota.
Procurado pela reportagem, o Governo de São Paulo afirma que os aportes previstos para este ano são de R$ 104 milhões, o que representa um valor 10% maior do que a dotação de 2023. [Leia a nota na íntegra no final do texto].
De acordo com fontes do Notícias da TV nos bastidores, o clima não é dos melhores nos estúdios da emissora no bairro da Água Branca, na zona oeste de São Paulo. Alguns profissionais ficaram bastante emocionados na Redação. Ao todo, oito programas foram afetados.
Há um mês, os colaboradores que têm contratos como PJ (Pessoa Jurídica) não receberam o pagamento de agosto na data acordada. Sem dinheiro, não tiveram como almoçar nem voltar para casa. Na ocasião, a emissora negou qualquer transtorno e afirmou se tratar apenas de um problema bancário.
Os sindicatos que representam jornalistas e radialistas chegaram a marcar assembleias para discutir a questão. Thiago Tanji, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, disse que está acompanhando de perto a situação.
“Agora, nos últimos tempos, a gente tem percebido ali que, por conta de conjuntura política, desde que o governo do Tarcísio [de Freitas] foi eleito, há uma pressão sobre a TV Cultura. O próprio governador disse que tem a política de enxugar fundações. A gente avalia que há um risco de desmonte na comunicação do Estado, como foi na época do governo [Jair] Bolsonaro com a EBC [Empresa Brasil de Comunicação, responsável pela TV Brasil]”, disse Tanji, em entrevista ao Notícias da TV em agosto.
Leia a nota na íntegra do Governo do Estado de S. Paulo:
A Fundação Padre Anchieta é uma entidade de direito privado sem fins lucrativos com autonomia jurídica, administrativa e financeira. Na composição de receitas, estão recursos provenientes de aporte do Governo, de leis de incentivo e venda de serviços.
No que compete ao aporte do Governo de SP, vale destacar que a instituição possui um orçamento previsto para este ano de R$ 104 milhões, valor 10% maior do que a dotação de 2023.
TV Cultura é do Governo de São Paulo?
A TV Cultura é mantida desde 1969 pela Fundação Padre Anchieta, que é uma das fundações mantidas pelo Governo de São Paulo. Ela é considerada uma entidade de direito público que, na prática, lhe dá autonomia intelectual, política e administrativa.
Além de recursos públicos, a fundação também conta com verbas de origem privadas, que consegue a partir de patrocinadores ou parcerias.
TV Cultura é uma emissora pública?
Sim, a TV Cultura tem como meta oferecer programação de interesse público, sem comprometimento com interesses comerciais ou com a administração pública.
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