Estudo da UFSCar aborda a empatia clínica e a percepção da dor em recém-nascidos

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Foto: Pexels

Pesquisa busca entender como pediatras, enfermeiros e fisioterapeutas lidam com o dor em recém-nascidos e a empatia clínica, convidando profissionais de todo o Brasil a participar por meio de um questionário

Explorar como os profissionais de saúde percebem o sono em bebês recém-nascidos e aplicar a empatia no atendimento é o foco de um estudo liderado por Cristina Ortiz, professora do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Realizada no âmbito do Curso de Especialização em Dor da universidade, a investigação está aberta à participação de especialistas de diferentes regiões do país, que podem compartilhar suas experiências respondendo a um formulário online.

Segundo Ortiz, a empatia clínica se refere à conexão estabelecida entre o profissional de saúde e o paciente, considerando a perspectiva individual deste último. “É um processo que envolve compreender o que o paciente sente, conectar-se emocionalmente e agir em benefício dele, mantendo, porém, a distinção entre o ‘eu’ e o ‘outro’. Nunca saberemos exatamente o que o paciente vivencia, mas essa tentativa de compreensão é essencial para apoiá-lo”, explica o docente.

Quando se trata de recém-nascidos, o manejo da dor apresenta desafios únicos. Cristina Ortiz ressalta que esses bebês não se expressam verbalmente, o que exige formas alternativas de identificação do desconforto. “Os medicamentos usados ​​em adultos muitas vezes não são adequados para eles, e o metabolismo infantil também exige cuidados específicos”, destaca. Ela aponta que, embora existam ferramentas para avaliar o dor neonatal, a capacitação dos profissionais ainda deixa a desejar. “Captar o que o bebê está passando, sentir essa experiência e responder a ela pode transformar as práticas atuais”, argumenta.

A formação para atender aos recém-nascidos é um ponto crítico, que requer mais investimentos em treinamento. Ortiz menciona que estudos oferecidos acima que profissionais com especialização em Neonatologia, adquiridos em residências, demonstram maior preparo para lidar com o tema. “No entanto, muitos atuam nessa área sem essa qualificação específica”, observa, reforçando a necessidade de ampliar o acesso a esse tipo de preparação.

O objetivo da pesquisa é investigar se existe uma ligação entre a empatia clínica e as abordagens adotadas para o dor neonatal. Caso essa relação seja confirmada, Ortiz sugere que os programas de capacitação incluam a empatia como parte essencial do aprendizado.

Para realizar o estudo, uma equipe convocou pediatras, fisioterapeutas e enfermeiros que atuam com recém-nascidos a preencher um questionário digital. Os interessados ​​podem acessar o formulário ( https://bit.ly/3R4VQqo ) até o final de março e obter mais detalhes pelo e-mail [email protected] . A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UFSCar (CAAE: 79823924.7.0000.5504).