Ao analisar o cenário, a estrategista Ioana Zamfir afirma que, historicamente, o desempenho do real tem certa relação com o “carry” (carrego do diferencial de juros). A única exceção ocorreu entre 2015 e 2016, quando questões fiscais geraram uma grande depreciação cambial, mesmo com o aumento constante das taxas — algo parecido começou a ser observado recentemente, com a piora da percepção sobre o risco fiscal. “Até agora, o real não conseguiu responder aos contínuos aumentos de juros”, comenta Zamfir para o Valor Econômico.
Considerando o período de 2015 como referência para uma perspectiva ‘bear’ (de desvalorização) que poderia ser precificada em um cenário de dominância fiscal, chegamos à conclusão de que os preços podem sofrer mais ajustes [para baixo]”, observa o banco. Naquela época, recorda a estrategista, o real chegou a se desvalorizar 30% em relação a uma cesta de divisas adotada pela instituição. Atualmente, no entanto, o real ficou apenas 10% mais barato nessa comparação, o que indica que ainda há espaço para uma maior desvalorização.
Se a moeda brasileira se depreciar ainda mais em relação à cesta de divisas, atingindo os níveis observados em 2015, “seria consistente o dólar alcançar algo entre R$ 6,70 e R$ 7,00, níveis que indicam que os riscos de dominância fiscal estão amplamente precificados”. “No entanto, consideramos que isso representaria uma queda significativa na confiança dos investidores, e que um anúncio fiscal favorável poderia se tornar mais provável para evitar essa deterioração”, pontuou o banco.
No cenário base do Morgan Stanley, a previsão é que o dólar fique em torno de R$ 6,30 no segundo semestre de 2025. Além disso, o banco americano acredita que R$ 5,40 seria o piso para a moeda americana, caso o cenário seja mais otimista, com avanços substanciais no lado fiscal.
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