O governo brasileiro enfrenta um obstáculo persistente na tentativa de recuperar uma dívida de US$ 1,74 bilhão (cerca de R$ 10 bilhões) devida pela Venezuela, relacionada a financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras de infraestrutura executadas por empresas brasileiras, como o metrô de Caracas. Segundo documento da Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, obtido pela Folha de S. Paulo em resposta a questionamento do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), as negociações com o governo de Nicolás Maduro estão paralisadas devido à ausência de retorno por parte de Caracas.
Os esforços brasileiros para cobrar o montante, que inclui valores indenizados pela União aos bancos financiadores e juros acumulados por atrasos, têm sido conduzidos por vias diplomáticas e comunicações diretas ao Ministério da Economia venezuelano, sem sucesso. O Brasil também notificou o Clube de Paris, fórum que reúne credores globais como França, Alemanha e Estados Unidos, sobre os atrasos. Caso a Venezuela não regularize os pagamentos, novas indenizações de US$ 16 milhões (aproximadamente R$ 90 milhões) devem ser cobertas pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE) até junho, onerando ainda mais os cofres públicos brasileiros.
A reabertura das negociações em 2023, após a visita de Maduro a Brasília durante o governo Lula, não trouxe avanços significativos. O recente veto do Brasil à entrada da Venezuela como parceira do BRICS aprofundou o distanciamento diplomático, complicando a resolução do impasse. Apesar da histórica proximidade entre governos petistas e o regime chavista, a falta de progresso na cobrança da dívida tem gerado críticas. Em 2023, o presidente Lula atribuiu o problema à ruptura de relações promovida pelo governo Bolsonaro, prometendo que países devedores, como Venezuela e Cuba, honrariam seus compromissos. Contudo, a situação permanece estagnada.
O financiamento de projetos internacionais pelo BNDES, especialmente em nações como Venezuela e Cuba, continua sendo alvo de questionamentos pela oposição, que cobra maior transparência e prioridade ao mercado interno. O deputado Nikolas Ferreira tem intensificado a pressão por medidas concretas para assegurar a recuperação dos recursos. Sem respostas de Caracas e com o agravamento das tensões diplomáticas, o Brasil segue sem perspectivas claras para o recebimento da dívida bilionária.