Trump anuncia taxa de 10% para produtos brasileiros em “tarifaço” global

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira, 2 de abril de 2025, a imposição de uma taxa de 10% sobre todos os produtos brasileiros importados pelo país, como parte de um amplo “tarifaço” global sobre impostos de importação. A medida, batizada por Trump como o “Dia de Libertação”, visa implementar tarifas recíprocas contra nações que cobram taxas sobre produtos americanos, com o objetivo de corrigir o déficit comercial dos EUA e impulsionar a indústria nacional.

Em um evento transmitido diretamente da Casa Branca, Trump detalhou que a taxação não se limita ao Brasil: a União Europeia enfrentará uma tarifa de 20%, a China será taxada em 34%, e o Vietnã em 46%. Além disso, o presidente confirmou uma taxa de 25% sobre todos os veículos importados, independentemente da origem. “É uma medida gentil que tornará os Estados Unidos grandes novamente”, declarou Trump, criticando governos anteriores, especialmente a administração de Joe Biden, por permitirem que outros países aplicassem altas tarifas aos produtos americanos, o que, segundo ele, prejudicou a economia doméstica.

A decisão de Trump reflete sua promessa de campanha de adotar uma política comercial protecionista, baseada no princípio da reciprocidade. Ele justificou as tarifas como uma resposta às taxas que os EUA enfrentam no exterior, citando o Brasil como exemplo de país que impõe barreiras significativas às exportações americanas. No caso brasileiro, produtos como o etanol, que enfrentam uma tarifa de 18% ao entrar no Brasil, foram mencionados anteriormente pelo presidente como um ponto de atrito comercial.

O anúncio gerou reações imediatas no Brasil. O governo brasileiro, que já esperava um impacto, viu o Senado aprovar na terça-feira (1º) um projeto de lei que autoriza retaliações comerciais contra países que imponham barreiras discriminatórias aos produtos nacionais. A medida, que une a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à bancada ruralista, deve ser votada na Câmara ainda esta semana, sinalizando uma possível resposta à política de Trump.

Economistas alertam que as tarifas podem gerar inflação nos EUA e afetar as relações comerciais globais, enquanto no Brasil os impactos diretos incluem a potencial redução das exportações, que somaram US$ 36,57 bilhões para os EUA em 2024. Trump defendeu que a medida atrairá fábricas para os EUA, mas críticos apontam que o aumento de custos pode ser repassado aos consumidores americanos, além de prejudicar economias emergentes como a brasileira. O “Dia de Libertação” marca o início de uma nova fase na guerra comercial liderada por Trump, com desdobramentos que prometem agitar o cenário internacional nos próximos meses.