Cada vez mais brasileiros estão trocando o divã por aplicativos e chats de inteligência artificial. Nas redes sociais, jovens compartilham tutoriais de como “programar” a IA para agir como um terapeuta clínico, capaz de ajudar em quadros como ansiedade e depressão. Eles personalizam seus “terapeutas virtuais”, dão nomes e, em muitos casos, relatam ter chorado após sessões. “Foi a melhor coisa que me aconteceu”, escreveu uma usuária.
A sensação de alívio é comum entre os que aderem à prática. A IA escuta, responde com empatia, lembra conversas anteriores e — o mais atrativo — está disponível 24 horas por dia, de graça. Mas há um alerta importante por trás dessa tendência.
Pesquisadores, como os da Universidade de Harvard, revelam que o uso de IAs para terapia ou companhia já ultrapassa funções como “gerar ideias”. Segundo o relatório de 2025, a popularização se explica pela percepção de eficácia relatada entre usuários. “As pessoas seguem o exemplo quando veem outras usando bem a tecnologia”, disse o pesquisador Marc Zao-Sanders.
Por outro lado, especialistas da saúde mental são unânimes: a IA não substitui um terapeuta humano. Para eles, a tecnologia pode oferecer conforto momentâneo — como ouvir uma música ou conversar com um amigo — mas não promove acompanhamento clínico profundo.
O risco está em trocar vínculos reais por interações simuladas, reduzindo a complexidade da experiência humana a comandos de máquina. O que você acha desta prática? Comente.