Uma descoberta promissora na odontologia está prestes a dar um passo importante: pesquisadores japoneses iniciarão, em breve, testes em humanos de um medicamento capaz de estimular o crescimento de dentes em adultos. Desenvolvido por cientistas do Hospital Kitano, em Osaka, e da Universidade de Kyoto, o remédio experimental pode revolucionar o tratamento de pessoas que perderam dentes ou nasceram sem eles devido a condições congênitas. Se bem-sucedido, o medicamento poderá estar disponível no mercado a partir de 2030.
O medicamento funciona desativando o gene USAG-1, que naturalmente inibe o crescimento lento. Ao bloquear esse gene, o tratamento estimula a atividade da proteína morfogênica óssea (BMP), responsável por determinar a formação de novos dentes. Testes anteriores, realizados em camundongos e furões, trouxeram resultados impressionantes: os animais desenvolveram novos dentes sem efeitos colaterais significativos, conforme estudo publicado no periódico Regenerative Therapy em 2023.
A fase inicial dos ensaios clínicos, que começou em setembro de 2024 e vai até agosto de 2025, envolve 30 homens saudáveis, com idades entre 30 e 64 anos, que perderam pelo menos um molar. A administração será feita por via intravenosa, com foco em avaliar a segurança do medicamento. “Estamos cautelosos para garantir que o crescimento ocorra apenas onde necessário, sem afetar outros dentes”, explica Katsu Takahashi, chefe do departamento de odontologia do Hospital Kitano e líder da pesquisa.
Nas etapas futuras, os pesquisadores planejam testar o medicamento em crianças com anodontia ou oligodontia — condições congênitas que afetam cerca de 1% e 0,1% da população, respectivamente, e resultam na ausência parcial ou total de dentes permanentes. A longo prazo, a equipe espera que o tratamento beneficie também aqueles que perderam dentes por cáries, traumas ou outras causas.
Embora a pesquisa esteja em estágio inicial, os resultados até agora alimentam esperanças de uma alternativa aos implantes e próteses dentárias. “É um avanço que pode mudar a odontologia, mas ainda há muito a confirmar em termos de eficácia e segurança”, destaca Takahashi. A comunidade científica e os pacientes aguardam com expectativa os próximos passos dessa inovação que poderão, literalmente, trazer novos sorrisos.