Prepare-se para ficar mais pobre

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Prepare-se para ficar mais pobre

O Brasil entrou em 2025 preso a um ciclo de endividamento sem precedentes, com 78,8% das famílias brasileiras reféns de dívidas em maio, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Trata-se do maior índice em mais de dois anos, superando até os picos da pandemia em novembro de 2022. A situação expõe uma realidade alarmante: a classe média, esmagada por juros altos e crescimento econômico fraco, está cada vez mais longe de qualquer alívio financeiro.

Duas décadas atrás, em 2005, as dívidas consumiam cerca de 19% da renda familiar. Hoje, mesmo com uma leve queda para 76,7% em janeiro, o peso das obrigações financeiras é quase quatro vezes maior, com projeções sombrias para o futuro. Economistas alertam que, mantidas as condições atuais, o serviço da dívida pode devorar até 30% do patrimônio das famílias na próxima década, empobrecendo ainda mais a população. Contratos de financiamento extensos, com parcelas atreladas à inflação, são verdadeiras armadilhas, enquanto a renda dos brasileiros não acompanha o aumento vertiginoso dos custos.

Os grandes beneficiados desse cenário são os bancos, que continuam a acumular lucros astronômicos. Em 2023, os cinco maiores bancos do país embolsaram mais de R$ 150 bilhões, impulsionados por juros elevados, refinanciamentos e tarifas cobradas mesmo em meio à crescente inadimplência. A lógica é perversa: quanto maior a dívida dos brasileiros, mais os bancos lucram, enquanto o cidadão comum luta para pagar boletos intermináveis.

O governo, por sua vez, também se beneficia dessa engrenagem. O consumo financiado por crédito eleva a arrecadação de impostos, mas não há contrapartida em políticas públicas que aliviem o peso sobre as famílias. O resultado é um sistema que penaliza duplamente o brasileiro: primeiro, nas parcelas que consomem a renda; depois, nos impostos embutidos que sustentam a máquina pública. A ausência de medidas para conter os juros ou incentivar o crescimento econômico sugere uma conivência tácita entre o setor financeiro e o Estado, deixando o trabalhador como a principal vítima de um modelo insustentável.

A falta de perspectivas para a redução do endividamento expõe a fragilidade de um sistema econômico que prioriza lucros institucionais em detrimento do bem-estar da população. Sem reformas estruturais ou políticas que protejam a renda familiar, o Brasil de 2025 caminha para um futuro de maior desigualdade e empobrecimento.