A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, esteve ausente em um debate promovido pela Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, realizado na última terça-feira (15/4), em Brasília. O evento discutiu recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre justiça racial, com base em um relatório de 2023 elaborado por especialistas do Mecanismo Internacional de Especialistas Independentes para Promover a Justiça e a Igualdade Racial na Aplicação da Lei. No mesmo período, Franco participou do 4º Fórum Permanente de Afrodescendentes, em Nova York, onde discursou na abertura do evento, na segunda-feira (14/4).
O seminário na Câmara abordou questões como violência policial e racismo sistêmico, com destaque para dados que apontam que pessoas afrodescendentes têm três vezes mais chances de serem mortas pela polícia no Brasil do que pessoas brancas. A ausência da ministra foi notada, já que o Ministério da Igualdade Racial é diretamente responsável por políticas públicas voltadas ao combate ao racismo. Em seu lugar, a secretária-executiva adjunta da pasta, Ana Míria Carinhanha, participou de painéis no Fórum da ONU, incluindo discussões sobre justiça reparatória e direitos humanos de mulheres e meninas afrodescendentes.
Durante sua agenda nos Estados Unidos, Anielle Franco também realizou articulações políticas, participou de eventos paralelos e palestrou na Universidade de Nova York sobre o enfrentamento ao racismo no esporte. Na quarta-feira (16/4), ela e Carinhanha estiveram em um painel sobre políticas públicas contra o racismo sistêmico. Apesar da relevância da agenda internacional, a decisão de priorizar o evento da ONU em detrimento do debate na Câmara gerou questionamentos sobre a gestão de compromissos da ministra em um momento crucial para o avanço das políticas raciais no Brasil.
O Ministério da Igualdade Racial não se pronunciou oficialmente sobre a ausência de Franco no evento da Câmara. A pasta destacou, no entanto, que a participação no Fórum da ONU reforça o compromisso do Brasil com a luta global por equidade racial. A ministra também defendeu, em seu discurso em Nova York, a necessidade de reparação histórica pela escravidão, chamando-a de “inegociável” e enfatizando a importância da igualdade racial como pilar para um mundo mais justo.
A ausência de Anielle Franco no debate da Câmara ocorre em um contexto de críticas à sua gestão, incluindo denúncias de entidades do movimento negro sobre atrasos na implementação de políticas públicas e demissões de lideranças da pasta. Apesar disso, Franco segue articulando parcerias internacionais e promovendo a pauta racial em fóruns globais, como a Segunda Década Internacional dos Afrodescendentes, iniciada em 2025.