Deputado Glauber Braga Encerra Greve de Fome Após Acordo na Câmara

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Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) anunciou nesta quinta-feira (17) o fim de sua greve de fome, iniciada há oito dias em protesto contra o processo de cassação de seu mandato. A decisão foi tomada após um acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que garantiu um prazo de 60 dias para a defesa de Braga antes de qualquer votação sobre a cassação no plenário.

A greve começou em 9 de abril, após o Conselho de Ética aprovar, por 13 votos a 5, um parecer recomendando a perda do mandato por quebra de decoro parlamentar. O caso refere-se a um incidente em 2024, quando Braga empurrou e chutou um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) durante uma confusão no Congresso. Durante o protesto, o deputado permaneceu no plenário do Conselho, ingerindo apenas água, soro e isotônicos, e perdeu cerca de 5 quilos, segundo sua assessoria.

O acordo foi negociado em uma reunião que contou com a presença da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Braga, do líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), e da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Motta se comprometeu a não pautar a cassação no plenário até que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) analise o recurso de Braga, a ser protocolado até 22 de abril, e a conceder o prazo adicional para articulações políticas.

Em coletiva, Braga afirmou que a suspensão da greve não significa o fim de suas lutas. “Estamos interrompendo a greve de fome, mas não a resistência contra o orçamento secreto, o poder oligárquico e pela justiça aos responsáveis pelo assassinato de Marielle Franco”, declarou. Ele atribui o processo de cassação a uma retaliação do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por suas denúncias contra o orçamento secreto, acusação que Lira nega.

A decisão foi celebrada por apoiadores, que destacaram a mobilização de movimentos sociais e figuras públicas, como ministros e parlamentares, durante o protesto. A equipe de Braga informou que ele será acompanhado por médicos para retomar a alimentação gradualmente, enquanto o PSOL prepara estratégias para reverter a recomendação de cassação na CCJ ou no plenário, onde são necessários 257 votos para aprovar a medida.