
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) votou nesta quinta-feira (16) e rejeitou, por 19 votos a 11, todos os 11 requerimentos que buscavam convocar José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Frei Chico é vice-presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), uma das entidades investigadas no escândalo das fraudes no INSS. A CPMI, no entanto, entendeu que ele não é alvo direto da investigação da Polícia Federal — ao menos até agora — e que não haveria elementos suficientes para justificar sua convocação.
Contexto do Sindnapi e das investigações
O Sindnapi está sob os holofotes das investigações por movimentar cerca de R$ 1,2 bilhão em seis anos por meio de descontos associativos que teriam sido feitos de forma irregular a aposentados e pensionistas. A Polícia Federal deflagrou, em 2025, a Operação Sem Desconto, que investigou justamente essas cobranças indevidas.
Entre os requerimentos que a CPMI negou estava também o pedido de prisão preventiva do presidente do sindicato, Milton Baptista de Souza, conhecido como Milton Cavalo Batista. A base governista também articulou para que se retirassem da pauta pedidos de quebra de sigilo (bancário, fiscal e telefônico) do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT), que era questionado no contexto dessas fraudes.
Reações e interpretações
A oposição criticou fortemente a decisão. Para o deputado Luiz Lima (Novo-RJ), o fato de “esconder” a convocação de Frei Chico seria um indício de que algo está sendo protegido. Já a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) defendeu que Frei Chico, segundo ela, não teria papel ativo nas operações do sindicato em períodos anteriores, argumentando que ele não exercia funções administrativas ou financeiras relevantes na entidade.
A virada política na CPMI fortaleceu a percepção, por parte da oposição, de que a base governista estaria “blindando” aliados próximos ao presidente. Oposição procura reorganizar sua estratégia para recuperar terreno no colegiado e articular apoio no Centrão.
Especialistas observam que, apesar da derrota da oposição na comissão, o desfecho da CPMI ainda dependerá de fatores externos, como repercussão pública, novas provas que possam surgir e intervenções judiciais.
O que está em jogo
A recusa da convocação fragorosa de Frei Chico pode indicar limites práticos da CPMI em avançar sobre pessoas próximas ao presidente, dependendo de decisões políticas e articulações dentro da comissão.
Se outras linhas de investigação encontrarem vínculos comprovados entre Frei Chico e fraudes, poderá haver nova tentativa de convocação ou processo judicial paralelo.
A rejeição da convocação não implica confirmação de inocência, apenas que, até o momento, não houve consenso suficiente para trazê-lo a depor.
A comissão prossegue com investigações de outras entidades e pessoas, como o advogado Eli Cohen (denunciante) — cuja quebra de sigilo foi aprovada — e pessoas ligadas ao esquema de descontos indevidos no INSS.
