Comércio ilegal de cigarros eletrônicos causa prejuízo bilionário aos cofres públicos, aponta estudo da USP

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Comércio ilegal de cigarros eletrônicos causa prejuízo bilionário aos cofres públicos, aponta estudo da USP

Um levantamento realizado pela Escola de Segurança Multidimensional (Esem) da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Ipsos, revelou que o Brasil deixa de arrecadar R$ 13,7 bilhões por ano em impostos federais e estaduais devido à venda irregular de cigarros eletrônicos e sachês de nicotina.

Somente no estado de São Paulo, as perdas chegam a R$ 3,83 bilhões anuais, sendo a maior parte — cerca de R$ 3,7 bilhões — proveniente do mercado clandestino de cigarros eletrônicos. Os sachês de nicotina representam R$ 129 milhões desse montante.

Mesmo proibidos ou sem regulamentação pela Anvisa, esses produtos continuam em ampla circulação e com consumo crescente no país. O estudo estima que 10 milhões de brasileiros utilizam cigarros eletrônicos ou sachês de nicotina com frequência mensal ou trimestral. Em São Paulo, o número de usuários chega a 2,57 milhões, enquanto 2,96 milhões afirmaram ter consumido esses produtos nos últimos seis meses.

De acordo com os pesquisadores, a falta de regulação tem impulsionado o avanço do mercado ilegal, que movimenta cerca de R$ 7,8 bilhões no Brasil, sendo R$ 2,1 bilhões apenas no território paulista.

Para o professor Leandro Piquet, coordenador da Esem e do Instituto de Relações Internacionais da USP, o cenário atual reforça o papel do crime organizado nesse tipo de comércio.

“Quando há demanda, o mercado ilegal encontra espaço. A proibição, por si só, não elimina o consumo; ela transfere o lucro e o controle para redes criminosas estruturadas”, explicou o pesquisador.

O estudo, apoiado pelo programa PMI Impact, da Philip Morris Brasil, utilizou dados de 3 mil entrevistas presenciais e online com adultos de diferentes regiões e classes sociais. A pesquisa tem margem de erro de 1,8% e reflete a distribuição demográfica brasileira com base em dados do IBGE.