Casos de síndrome respiratória grave sobem 30% em 2025

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© Tomaz Silva/Agência Brasil

Os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) registrados nas primeiras 24 semanas de 2025 cresceram 30% em relação ao mesmo período de 2024, segundo o Boletim Infogripe da Fiocruz. Com o início oficial do inverno na última sexta-feira (20), especialistas alertam para o aumento da circulação de vírus respiratórios, que favorecem infecções graves devido às condições climáticas e ao comportamento social.

A infectologista Silvia Fonseca, professora do Instituto de Educação Médica, explica que o frio e o tempo seco irritam as vias respiratórias, facilitando infecções, enquanto ambientes fechados e maior proximidade entre as pessoas amplificam a transmissão por gotículas. “Tosses e espirros espalham partículas que podem infectar diretamente ou por contato com superfícies contaminadas”, afirma.

Dados da Fiocruz mostram que, dos mais de 103 mil casos graves de SRAG registrados este ano, cerca de 53 mil tiveram diagnóstico positivo para vírus, sendo 27% causados por influenza A ou B. Entre meados de maio e junho, a proporção de casos de influenza subiu para mais de 40%. O vírus da gripe também é responsável por metade das quase 3 mil mortes por SRAG com diagnóstico viral, alcançando 74,6% dos óbitos nas últimas quatro semanas.

A vacinação contra influenza, que protege contra subtipos A H1N1, A H3N2 e B, é apontada como a principal medida de prevenção. Contudo, o Ministério da Saúde indica que menos de 40% do público-alvo se imunizou até 20 de junho, apesar da campanha iniciada em abril. “A gripe pode evoluir para quadros graves, como insuficiência respiratória, especialmente em idosos e pessoas com comorbidades”, alerta Fonseca.

A Covid-19, embora com menor incidência (1,6% dos casos graves nas últimas semanas), ainda representa 4,2% das mortes por SRAG, reforçando sua letalidade. Já o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador de bronquiolite em crianças menores de 2 anos, foi identificado em 45,3% dos casos graves de 2025 e em 13% dos óbitos recentes. A vacina contra o VSR, disponível apenas na rede privada para idosos e gestantes, será incorporada ao SUS para grávidas no segundo semestre.

Andréia Neves de Sant’Anna, professora de Enfermagem da Faculdade Estácio, destaca medidas preventivas como lavar as mãos, evitar aglomerações, ventilar ambientes e cobrir o rosto ao tossir ou espirrar. Ela também recomenda repouso, hidratação e alimentação saudável para auxiliar na recuperação.