
O Brasil deverá registrar novo rombo nas contas públicas em 2025, mesmo diante de um cenário de arrecadação recorde. De acordo com levantamento do Poder360, o país arrecadou o equivalente a 34,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 — o segundo ano consecutivo com carga tributária historicamente alta. Ainda assim, a equipe econômica revisou a projeção de déficit fiscal para R$ 30,2 bilhões.
Para especialistas, o desequilíbrio mostra que o aumento da arrecadação não tem sido suficiente para cobrir as despesas crescentes. O economista Ecio Costa (UFPE) afirma que “mesmo batendo recordes de carga tributária, a conta continua não fechando”. Entre os principais fatores estão o avanço das despesas obrigatórias, como folha de pagamento do funcionalismo, benefícios previdenciários e programas sociais indexados ao salário-mínimo.
Outro ponto crítico é o aumento da dívida pública, que já representa 77,5% do PIB. Embora o governo federal tenha concentrado cerca de 21,4% do PIB em tributos — 1,5 ponto percentual acima de 2023 —, o crescimento das receitas não foi capaz de aliviar a pressão sobre o orçamento.
Com esse desempenho, o Brasil mantém uma carga tributária superior à média dos países da OCDE, que foi de 33,9% em 2023. Para os analistas, o desafio para 2025 será encontrar um equilíbrio entre o controle de gastos e a necessidade de manter a arrecadação em níveis elevados, evitando que o déficit fiscal se torne estrutural.
