Durante o interrogatório realizado nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro negou as acusações de participação em uma organização criminosa que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), atuou pela tentativa de ruptura democrática em 2022. “Não procede a acusação, Excelência”, respondeu Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes.
Apontado como peça-chave no chamado “núcleo crucial” da suposta trama golpista, Bolsonaro foi o sexto a depor, após nomes como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o almirante Almir Garnier e o general Augusto Heleno. Ao ser questionado sobre suas declarações passadas contra o sistema eleitoral, o ex-presidente afirmou: “A desconfiança das urnas não é algo privativo meu”.
Bolsonaro também foi confrontado por Moraes sobre acusações feitas anteriormente de que ministros do STF teriam recebido dinheiro durante as eleições. Ele recuou e pediu desculpas: “Não tenho indícios”. Moraes então questionou diretamente: “Quais eram os indícios que o senhor tinha de que estaríamos levando 50 milhões de dólares?”.
Mais cedo, o ministro negou o pedido da defesa de Bolsonaro para exibir vídeos durante o interrogatório, autorizando apenas que o material seja anexado posteriormente ao processo. Ao chegar à sessão da tarde, Bolsonaro comentou: “Não achei nada”.
Os depoimentos marcam a reta final da instrução processual — fase em que são reunidas provas para embasar o julgamento. É nesse momento que os réus têm a chance de responder às acusações e apresentar suas versões dos fatos.