O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou, do ato na Avenida Paulista, em São Paulo, sob o mote “Justiça Já”, organizado pelo pastor Silas Malafaia. Acompanhado de parlamentares, ex-ministros e governadores aliados, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, Bolsonaro concentrou seu discurso nas eleições de 2026, pedindo apoio para eleger aliados no Congresso Nacional. “Se vocês me derem, por ocasião das eleições do ano que vem, 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil”, afirmou, destacando que o objetivo é influenciar a escolha dos presidentes das Casas, liderar comissões e indicar nomes para agências reguladoras e o Banco Central.
Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro negou ter obsessão pelo poder e afirmou que, como presidente de honra do Partido Liberal (PL), sob liderança de Valdemar Costa Neto, poderia mudar o destino do país sem necessidade de voltar à Presidência. “Não quero isso para perseguir quem quer que seja. Não quero isso para revanchismo. Quero isso pelo futuro do meu Brasil”, declarou.
Críticas ao STF e à Trama Golpista
Bolsonaro voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente o ministro Alexandre de Moraes, a quem o pastor Malafaia chamou de “ditador” durante o ato. O ex-presidente é réu em um inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022. “Me processam por uma fumaça de golpe”, disse Bolsonaro, negando as acusações e afirmando que não houve tentativa de golpe, já que, segundo ele, não havia armas, apoio institucional ou envolvimento das Forças Armadas. Ele citou figuras como José Múcio, Nelson Jobim, Aldo Rebelo e José Sarney, que teriam questionado a existência de uma trama golpista.
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) também criticou o STF, exibindo áudios de ministros durante julgamento sobre a responsabilidade das big techs por conteúdos em redes sociais, acusando-os de apoiar a censura. “Estamos lutando contra os tiranos e somos perseguidos por isso”, declarou Gayer.
Defesa da Anistia e Elogios a Carlos Bolsonaro
Sobre os presos e investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram os Três Poderes em Brasília, o ex-presidente defendeu a anistia como “um remédio previsto na Constituição” e um “gesto de altruísmo” para pacificar o país. “Coloquem em liberdade esses inocentes do 8 de Janeiro. Quem porventura quebrou alguma coisa, que pague”, afirmou, negando que a anistia seja motivada por vingança.
Bolsonaro também fez elogios ao filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), creditando a ele o sucesso de sua campanha presidencial em 2018. “O marqueteiro Carlos Bolsonaro me colocou na Presidência da República, junto com outras pessoas, mas ele foi o cérebro”, disse. Ele ainda mencionou a compra de 600 mil doses de vacina contra a Covid-19 durante seu governo, mas reforçou sua decisão de não se vacinar “por liberdade”.
Eleições de 2022 e Transição
Bolsonaro voltou a questionar a atuação do TSE nas eleições de 2022, sugerindo que a “mão pesada” do tribunal influenciou o resultado. Ele acusou o PT de falar em golpe enquanto, segundo ele, magistrados teriam favorecido a soltura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sobre a transição de governo, Bolsonaro destacou que ela foi pacífica, elogiado até pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, mas justificou sua recusa em passar a faixa presidencial a Lula, exclamando: “Jamais eu passaria a faixa para um ladrão”.
Contexto Político e Eleições de 2026
O ato na Paulista reuniu figuras como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o governador Tarcísio de Freitas, cotado como possível candidato à Presidência em 2026. A manifestação, que ocupou um quarteirão da avenida, reforçou a estratégia de Bolsonaro de manter sua influência política, apesar da inelegibilidade. Ele pediu mobilização para eleger deputados e senadores aliados, visando fortalecer o PL e a oposição ao governo Lula.
A manifestação também foi marcada por críticas ao STF e à condução do inquérito da trama golpista, com apelos por “justiça” e “liberdade”. A campanha pela anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro, embora tenha perdido força no Congresso, segue sendo uma bandeira do movimento bolsonarista. As autoridades ainda não divulgaram estimativas oficiais sobre o número de participantes no ato, mas a presença de lideranças políticas sinaliza a mobilização para as eleições de 2026.