Em maio de 2025, a balança comercial brasileira apresentou um superávit de US$ 7,238 bilhões, o menor para o mês desde 2022, conforme dados divulgados na quinta-feira, 5 de junho, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado, que reflete a diferença entre exportações (US$ 30,156 bilhões) e importações (US$ 22,918 bilhões), caiu 12,8% em relação a maio de 2024, impactado pela queda nos preços de commodities e pelo aumento das importações.
No acumulado do ano, de janeiro a maio, o superávit comercial atingiu US$ 24,432 bilhões, uma redução de 30,6% comparada ao mesmo período de 2024. O déficit de US$ 471,6 milhões em fevereiro, causado pela importação de uma plataforma de petróleo, contribuiu para o recuo. Enquanto as exportações permaneceram praticamente estáveis, com leve queda de 0,1%, as importações cresceram 4,7%, impulsionadas pelo dinamismo econômico interno.
Exportações e Importações
As exportações de produtos-chave do agronegócio, como soja, milho e algodão, sofreram com quedas de preço, apesar do aumento no volume exportado. A soja, por exemplo, teve redução de 3,9% no valor exportado, com preços 8,4% mais baixos, embora o volume tenha crescido 4,9%. O petróleo caiu 9,7% em valor, com preços 15,2% menores, e o minério de ferro recuou 4,7%, mesmo com aumento de 7,4% na quantidade. Por outro lado, produtos como café, carne bovina, celulose e veículos registraram alta, ajudando a mitigar o impacto.
Nas importações, houve aumento significativo na compra de fertilizantes (+25,9%, equivalente a US$ 257,9 milhões), além de veículos, motores, máquinas e compostos químicos. O volume importado cresceu 7,7%, refletindo a demanda aquecida, enquanto os preços médios caíram 3,3%, influenciados pela desvalorização de commodities.
Desempenho por Setor
- Agronegócio: As exportações do setor caíram 0,6%, puxadas por uma redução de 5,4% no volume embarcado, embora os preços tenham subido 6,4%.
- Indústria de Transformação: Houve aumento de 5,2% na quantidade exportada, beneficiada pela recuperação econômica da Argentina, principal destino de bens industrializados brasileiros, apesar de uma queda de 1,9% nos preços.
- Indústria Extrativa: O setor registrou alta de 7,1% no volume exportado, mas uma queda de 12,8% nos preços, impactada pela desaceleração chinesa e pelas tensões comerciais globais, incluindo medidas protecionistas do governo de Donald Trump.
Perspectivas
O MDIC projeta um superávit comercial de US$ 70,2 bilhões para 2025, uma queda de 5,4% em relação a 2024, com exportações estimadas em US$ 353,1 bilhões (+4,8%) e importações em US$ 282,9 bilhões (+7,6%). Contudo, essas previsões, de abril, não consideram os impactos de medidas comerciais recentes, como o tarifaço de Trump e a retaliação chinesa, e serão revisadas em julho. Analistas do mercado, segundo o boletim Focus do Banco Central, são mais otimistas, projetando um superávit de US$ 75 bilhões.
O cenário reflete os desafios de um mercado global volátil, com a queda de preços de commodities e o aumento da demanda interna moldando os resultados comerciais brasileiros.
informações: Agência Brasil