Nas últimas semanas, igrejas de grande porte (as famosas “Church”) têm sido criticadas por adotarem áreas exclusivas, com acesso restrito, muitas vezes delimitado por pulseiras, convites especiais e até pagamento. Assim como em um show, por exemplo, isso ocorre em prol de melhores lugares para eventos especiais e, até mesmo, para acolher personalidades durante os cultos semanais.
Esses locais exclusivos são frequentados por celebridades, políticos e fiéis da “high society”, que desfrutam de todo tipo de conforto, como estacionamento reservado, cadeiras marcadas no culto, segurança e até coffee break.
O jogador Neymar, uma das figuras mais conhecidas do país, teria solicitado um espaço reservado para evitar tumultos durante sua presença em um culto.
O pedido é compreensível, especialmente para alguém constantemente cercado por fãs e câmeras. Mas a solução encontrada — uma área VIP dentro do templo — reabriu uma discussão delicada: é possível conciliar fé com privilégios?
Será que esse modelo de “igreja com camarote” não entra em choque com os valores de igualdade e humildade que a própria fé cristã prega? A Bíblia, afinal, não afirma que todos são iguais diante de nosso Criador?
Entre os próprios evangélicos, há quem defenda a prática como uma forma de proteger figuras públicas e manter a ordem. Outros, no entanto, enxergam nessa medida um sinal de elitização da fé — e uma possível distorção do verdadeiro propósito do culto, que é a comunhão entre irmãos, em prol de adorar a Deus.
A pergunta que fica é: a igreja está se adaptando ao mundo ou está se afastando de seus princípios? E mais: em nome da organização e do conforto, estamos dispostos a criar muros até dentro da casa de Deus?